Assim como empresas e instituições, igrejas precisam fazer gestão financeira. Embora sejam entidades sem fins lucrativos, as congregações devem administrar as finanças com muita disciplina e organização. Afinal, elas não estão isentas de obrigações legais, e o dinheiro com o qual lidam pertence ao Senhor.

Acontece que, para muitas igrejas – das menores às maiores –, gestão financeira é sinônimo de dor de cabeça. Isso ocorre por uma série de motivos: desde falta de organização até falta de profissionais capacitados e órgãos adequados para tratar dos recursos. 

Para ajudar você a cuidar da saúde financeira da sua congregação, escapar de armadilhas financeiras, evitar possíveis problemas com órgãos fiscalizadores e não comprometer o orçamento, separamos sete erros comuns quando o assunto é finanças na igreja. 

1. Não ter um conselho fiscal

O conselho fiscal, como o próprio nome indica, é um órgão fiscalizador que atua de forma independente dos demais órgãos administrativos da igreja. Embora as congregações não sejam obrigadas por lei a manter um conselho fiscal, este, que deve ser composto por profissionais (contratados ou voluntários) com conhecimento administrativo e contábil, é fundamental para uma gestão transparente, não importa o tamanho da igreja.

Segundo o artigo 163 da Lei 6.404, de 1976, as atribuições do conselho fiscal incluem:

  • Fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;
  • Opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-geral; 
  • Denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia; 
  • Analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela organização;
  • Examinar as demonstrações financeiras do exercício social e opinar sobre elas.

Caso queira formar um conselho fiscal, a igreja deve, em primeiro lugar, inseri-lo no próprio estatuto. O documento precisa mencionar, sobretudo, a estrutura do órgão e as suas funções. Ao redigir a nova cláusula, lembre-se de responder às seguintes perguntas:

  • Quantos membros formarão o conselho? (de acordo com a lei, o mínimo é de três e, o máximo, de cinco membros)
  • Quais são as competências do conselho? 
  • Qual é o tempo de mandato dos membros do conselho? 
  • Como acontece a perda de mandato dos membros do conselho?

2. Não escolher os integrantes da equipe financeira cuidadosamente

As pessoas encarregadas de administrar os livros contábeis e orçamentos da igreja precisam ser profissionais ou voluntários capacitados, confiáveis e alinhados à visão espiritual da congregação. É importante que elas trabalhem em harmonia com a liderança, mas que também tenham expertise suficiente para operar de forma relativamente independente. 

Na prática isso significa que, ao recrutar integrantes para a tesouraria, a igreja deve procurar pessoas que já cuidaram das finanças de outras denominações, organizações sem fins lucrativos ou empresas. Lembre-se de que, além de coração ensinável e postura ética, os escolhidos precisam ter conhecimentos administrativos e contábeis. 

3. Não seguir o orçamento anual

A criação de um orçamento anual forte e detalhado é parte essencial de qualquer planejamento financeiro. Após se planejar para o próximo ano, a igreja deve trabalhar para o cumprimento das metas financeiras estabelecidas, sejam elas criar uma reserva de emergência, quitar parcelas de um bem adquirido ou construir um novo templo, por exemplo. 

No entanto, sabemos que a receita das igrejas nem sempre corresponde às projeções orçamentárias. Por isso, não basta criar um orçamento. É preciso acompanhar constantemente a atividade financeira da igreja e ajustar o orçamento sempre que houver imprevistos. Do contrário, a congregação dificilmente vai conseguir alcançar seus objetivos.

4. Não ser transparente

Manter segredos em relação às finanças pode gerar desconfiança e ressentimento na congregação. Informações como orçamentos, receitas, despesas, custos e resultados do exercício devem ser colocadas à disposição de quem solicitar, e até impressas nos boletins da igreja. 

Ser honesto e transparente não apenas é a coisa certa a fazer, como também faz com que as pessoas se sintam participantes da congregação e inspiradas a contribuir. Considere, inclusive, realizar reuniões e apresentações especiais para prestar contas aos membros.

5. Esquecer de ajustar o fluxo de caixa

Ainda que a igreja tenha receita mais do que suficiente para cobrir despesas e custos anuais, ela terá problemas se as contas precisarem ser pagas antes de o dinheiro das doações cair em conta. Muito comum, essa situação mostra que, além do cumprimento do orçamento anual, as congregações devem estar atentas ao fluxo de caixa. Para não ficar no vermelho, a igreja precisa organizar todos os recebimentos futuros – como doações recorrentes via cartão de crédito – e saber como conciliá-los com os pagamentos que devem ser feitos a cada mês. 

6. Não ter um fundo de reserva

Nenhuma organização está livre de imprevistos e emergências – muito menos as igrejas. Para que a congregação não fique em apuros diante de despesas inesperadas, é preciso criar um fundo de reserva, ou seja, destinar parte das finanças arrecadadas pelos ministérios para a criação de uma reserva financeira. Além de ajudarem em tempos difíceis, fundos de reserva podem ser usados para o pagamento de custos fixos, como o 13º salário dos funcionários. 

7. Não ter um sistema de gestão financeira na igreja

Outro erro comum entre as igrejas é acreditar que é possível fazer uma gestão financeira eficaz por meio de planilhas e do controle manual de boletos, recibos de cartão de crédito e notas fiscais. Se quiser administrar as finanças com eficácia, o ministério deverá adotar um sistema de gestão.

Além de facilitarem o controle das receitas e despesas a partir de recursos como emissão de DRE (Demonstração de Resultado do Exercício) e emissão de relatório de fluxo de caixa, softwares permitem cruzar dados de forma inteligente, o que facilita a identificação de desvios orçamentários e o processo de tomada de decisão.

Ao escolher um sistema de gestão financeira, dê preferência a plataformas integradas aos seus dispositivos de entrada (maquininha de cartão, totem de autoatendimento, site, aplicativo, entre outros), para que a igreja possa concentrar todas as fontes de receita em um só lugar e otimizar a administração dos recursos.


Gostou do conteúdo? Inscreva-se em nossa newsletter para receber posts como este direto na sua caixa de e-mails.