É preciso ter muito cuidado com a administração dos recursos financeiros da igreja. Quando eles são alocados de forma correta, honramos princípios bíblicos, obtemos melhores resultados e contribuímos para o crescimento contínuo do Reino de Deus. Neste artigo, trago cinco pilares fundamentais para a sua igreja ser financeiramente saudável. Colocando cada uma dessas ações em prática, você fará uma gestão muito mais eficaz.

1. Planejamento e Orçamento

Precisamos planejar nossas ações para obtermos um resultado de excelência. Prova disso é que a Palavra de Deus cita, em diversas passagens, a importância do planejamento. 

Em Lucas 14, Cristo diz: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’.” (Lucas 14:28-30)

O Antigo Testamento também aponta para a necessidade de planejar nossas ações. “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos”, diz Salomão em Provérbios 16:3.

Na prática, isso significa que os eventos que a igreja realiza devem ser planejados, tanto financeiramente quanto operacionalmente. A igreja também deve planejar, de forma organizada, projetos que inicia; as contribuições feitas pelos irmãos devem entrar no planejamento financeiro, nas previsões de entradas para planejar as saídas de caixa que a Igreja possa suportar.

Aliás, quando falamos em planejamento financeiro, precisamos também falar de orçamento. A finalidade de um orçamento é estimar receitas, custos, despesas e investimentos em um determinado período. Sendo assim, é sempre importante revisar os custos e despesas e avaliar se estes realmente são necessários.

As entradas e saídas de caixa da igreja precisam ser acompanhadas e comparadas com os valores planejados para que seja possível ajustar os pontos necessários durante o caminho.

Vale lembrar ainda que a comunicação de todo o planejamento com os envolvidos é essencial para a efetividade do processo. As pessoas precisam de alinhamento constante para saberem a direção que estão seguindo. 

Um bom planejamento financeiro proporcionará à igreja resultados mais sólidos em todos os aspectos, pois os recursos financeiros são extremamente necessários para que os compromissos sejam honrados adequadamente. 

2. Gestão Financeira

Ter uma gestão financeira profissional e equilibrada é extremamente relevante para a saúde da igreja. É necessário que a igreja controle de forma efetiva todos seus recebimentos, pagamentos e o saldo em caixa.

Na gestão de recebimentos, é importante o correto registro dos dízimos, ofertas, pagamentos de ingressos de eventos, entre outras formas de entrada de caixa. Também é essencial que a igreja ofereça diversas formas de recebimento para facilitar as contribuições dos irmãos, como cartão de débito, cartão de crédito, boleto e Pix. 

Na gestão de pagamentos, é preciso atentar para o registro correto de todas as despesas, sempre com a documentação suporte adequada para justificar as saídas de caixa. Os pagamentos devem ser planejados e pagos sempre até os seus vencimentos para evitar cobranças de juros e multas. O ideal é que os pagamentos sejam submetidos a uma aprovação, para maior segurança da operação.

Outro tema relevante para a gestão financeira é a remuneração do caixa disponível, ou seja, caso a igreja possua recurso financeiro parado em conta bancária, é importante que os recursos sejam aplicados de forma cuidadosa para que não percam valor com o passar do tempo.

Por outro lado, no caso em que a igreja precisa de recurso financeiro não disponível em caixa, ela pode buscar um empréstimo junto a instituições financeiras. É importante destacar, no entanto, que qualquer empréstimo precisa ser muito bem avaliado (Qual montante que será adquirido? Qual a taxa de juros cobrada? Em que prazo o empréstimo deverá ser pago?). A Palavra nos ensina que “ rico domina sobre o pobre; quem toma emprestado é escravo de quem empresta” (Provérbios 22:7). Ou seja, muita atenção quando estiver tratando de empréstimos. 

Para concluirmos este tópico, ressalto a importância de a igreja ter uma reserva de emergência, para que não fique desamparada durante necessidades inesperadas. No caso das igrejas, é recomendado que a reserva de emergência corresponda ao custo de funcionamento do templo durante um ano, aproximadamente. Essa reserva possibilita a manutenção e a sobrevivência da igreja em momentos de crise.

3. Gestão Contábil e Tributária

No que diz respeito à gestão contábil e tributária, destaco alguns pontos importantes e que muitas igrejas não dão a devida atenção. Primeiramente, é muito importante que a igreja obtenha imunidade tributária

A imunidade religiosa está prevista no artigo 150 da Constituição Federal, que diz que é vedado à União, aos estados, ao distrito federal e aos municípios instituir impostos sobre templos de qualquer culto. O ideal é que a igreja contrate um advogado especializado para auxiliá-la na conquista da imunidade, reduzindo gastos com pagamento de impostos como ITBI, IPTU, IPVA, IR, entre outras obrigações que empresas tradicionais possuem.

Outro ponto no qual se deve ter bastante cuidado é na relação trabalhista com os colaboradores da igreja. Busque deixar bem clara e formalizada as relações com pastores, com a equipe de apoio administrativo e outros colaboradores da igreja. 

A contabilidade da igreja também precisa ser profissional. Acredite: uma boa contabilidade pode evitar muitas dores de cabeça no futuro, em atendimentos a possíveis fiscalizações e outras eventuais demandas. A igreja precisa ter um controle de todas as operações para que seus demonstrativos contábeis sejam confiáveis e úteis para a administração.

4. Gestão do Ativo Fixo

Imóveis, equipamentos eletrônicos e veículos são exemplos de ativos fixos que precisam ser geridos pela igreja. No acompanhamento da manutenção desses ativos, há uma função bastante crítica e que merece atenção especial: a gestão de facilities. Na prática, as facilities englobam as atividades de manutenção predial, limpeza, segurança e outras relacionadas à infraestrutura.

A igreja também deve possuir uma função de compras bem estruturada para aquisição de produtos e serviços necessários para a sua operação. Uma área de compras profissional ajuda bastante na economia de recursos financeiros e na segurança da continuidade da operação.

Também é comum que as igrejas possuam contratos com prestadores de serviços, parceiros, entre outros. Da mesma forma, uma boa gestão de contratos reduz os riscos envolvidos com as contratações e prestações de serviços. Há uma série de soluções online que podem ajudar a igreja na gestão de contratos. 

5. Governança

Governança é um tema muito debatido nas organizações e empresas. De forma simples, podemos definir governança como o conjunto de ações que definem as responsabilidades e ajudam a desenhar os processos para tomadas de decisão.

Se bem aplicados, os princípios de governança corporativa podem contribuir para uma melhor gestão da igreja. Primeiramente, é importante lembrar do princípio da entidade, que significa que pastor e igreja são personalidades diferentes. Não se deve confundir, por exemplo, os gastos pessoais do pastor com os gastos da igreja para sua efetiva operação.

Outro ponto importante no quesito governança é a transparência. Devemos ter clareza nas nossas decisões e nas parcerias realizadas para que todos entendam, de forma transparente, o que se passa na operação da igreja. A administração deve prestar contas periodicamente das informações financeiras, explicitando também os principais riscos e desafios envolvidos para o avanço da igreja.

Por último, mas não menos importante, a igreja deve buscar um sistema de gestão efetivo, que permita administrar recursos humanos, financeiros e de comunicação de forma integrada, para que o Reino possa avançar cada vez mais.

Sobre o autor


Alessandro Schlomer é apaixonado por Jesus. Formado em Ciências Contábeis e Tecnologia e com MBA Executivo na COPPEAD – UFRJ, dirige o setor Financeiro na inChurch. Trabalha há mais de 17 anos com finanças, auditoria e compliance.