Se você produz conteúdo para a igreja, certamente já ouviu falar em storytelling. A técnica, que é muito comum em roteiros cinematográficos e na indústria de marketing, pode transformar a maneira como você transmite a mensagem do Evangelho na sua congregação. Prova disso é que o próprio Jesus, maior comunicador que já viveu entre nós, usou histórias para falar com multidões e ilustrar, de forma acessível e tocante, princípios do Reino de Deus. 

Pensando nisso, vamos explicar, nas próximas linhas, o conceito de storytelling e listar cinco lições que as parábolas de Cristo nos ensinam sobre contar histórias. Continue a leitura e descubra como essa técnica pode apoiar a estratégia de comunicação da sua igreja. 

O que é storytelling?

Storytelling é a arte de contar histórias envolventes e relevantes. Em outras palavras, trata-se de contar histórias que conseguem reter a atenção do leitor ou espectador e são capazes de se conectar a ele em nível emocional, ficando em sua memória. O termo storytelling vem do inglês: “Story” significa “história”, e “telling”, contar. A própria formação da palavra nos mostra que, tão importante quanto o conteúdo, é a forma como você o transmite

Ao contar boas histórias, sua igreja produz um material único e de valor. Mesmo que o tema do conteúdo já tenha sido abordado outras vezes e por outras pessoas, um bom storytelling permite explorá-lo a partir de uma perspectiva singular: a sua. Para isso, é importante saber que toda história tem início, meio e fim e é composta, minimamente, pelos seguintes elementos: 

  • Mensagem – a própria história; 
  • Espaço – onde ocorre a história, 
  • Personagens – quem vive a história; 
  • Tempo – período em que se passa a história; pode ser cronológico (relacionado à passagem das horas, dos dias, meses, anos) ou psicológico (relacionado às lembranças do personagem e aos sentimentos vivenciados por ele); 
  • Conflito – desafio que o personagem precisa vencer para atingir seu objetivo.

Jesus: um grande storyteller 

Jesus foi um grande storyteller. A partir das parábolas que contava, ele transmitia a mensagem do Evangelho a multidões e conseguia tocar cada uma das pessoas que o ouviam. Nós, comunicadores cristãos, temos muito a aprender com o Mestre. A seguir, confira cinco lições de storytelling que as parábolas de Cristo nos ensinam.  

1. Conheça o seu público e seja acessível

Jesus falava para grandes multidões, compostas por pessoas em diferentes situações e níveis sociais: cobradores de impostos, comerciantes, servos, mulheres, fariseus, senhores de terras, levitas, pastores, viúvas e muito mais. Hoje a igreja se comunica com públicos igualmente diversos. Diante disso, como garantir que a mensagem será compreendida por todos? 

Em primeiro lugar, é preciso conhecer bem os ouvintes. Jesus ministrava suas mensagens com facilidade justamente porque conhecia as necessidades e sabia como funcionava a lógica de cada camada social. Quando falava com os fariseus, criticava sua hipocrisia (Lucas 6:39-42); para os que ainda não o conheciam, pregava o arrependimento (parábola da ovelha perdida, em Lucas 15:4-7); aos cristãos, pedia que se mantivessem fiéis e vigilantes (parábola do ladrão da noite e parábola do mordomo fiel, em Lucas 12:39-48).

Além disso, é muito importante que a mensagem seja transmitida de forma acessível. Usando alegorias, comparações e situações cotidianas em suas parábolas, Jesus garantia que muitas pessoas, mesmo as iletradas, pudessem compreender melhor os seus ensinamentos. 

2. Desperte emoções

Histórias sempre fazem mais sentido quando fazem sentir. Para que a sua igreja deixe uma marca nas pessoas, é importante despertar emoções. As parábolas de Jesus são ótimos exemplos de narrativas que envolvem sentimentos. 

Na parábola do bom samaritano, por exemplo, conhecemos um personagem principal que está em profundo sofrimento: ele foi assaltado, espancado e largado na estrada sem roupas, quase morto. Essa ilustração já é suficientemente capaz de despertar compaixão em nós, mas Jesus vai além: ele conta que um sacerdote e um levita passaram pelo homem, mas não o socorreram. 

Ao introduzir esse elemento, Jesus desperta uma nova camada de emoções no público: indignação, raiva, revolta. Quando o bom samaritano finalmente resgata o homem assaltado, tudo isso dá lugar ao alívio. Por experimentarem múltiplas emoções, as pessoas que escutam a parábola se conectam à história em um nível muito mais profundo do que uma simples “lição de moral” permitiria. 

3. Promova identificação

As parábolas de Jesus estão repletas de personagens com os quais podemos nos identificar. Em Mateus 18:21-35, por exemplo, é fácil se enxergar na pele do servo impiedoso: embora sua dívida, que somava 10 mil talentos, tenha sido perdoada pelo patrão, ele foi incapaz de perdoar o colega que o devia 100 talentos. Por saber que muitas vezes fazemos o mesmo, Jesus usou essa história para ilustrar o princípio do perdão: se não perdoarmos os outros, não seremos perdoados por Deus. 

E o que dizer da parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32)? Nessa história, a identificação com os personagens ocorre tanto entre não cristãos quanto entre cristãos: os primeiros se veem no lugar do filho pródigo, que saiu de casa e gastou a herança do pai; os últimos, no lugar do filho mais velho. 

A identificação é um recurso-chave para que a história contada seja memorável. Pode ser até que o leitor não se lembre de todos detalhes da narrativa, mas, se ele se identificou com a história, dificilmente irá esquecê-la. 

4. Crie pontos de virada

Pontos de virada, como o próprio nome indica, são momentos que promovem uma reviravolta na história e mudam o curso da trajetória do personagem. Por quebrar a linearidade da narrativa, esse recurso surpreende o leitor.

Na parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32), por exemplo, o ponto de virada ocorre quando o personagem principal decide voltar para a casa do pai, mesmo que como servo, e não filho. “Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!”, disse ele. 

Nesse momento, vemos que o filho pródigo caiu em si e se arrependeu. Ele não apenas volta para a casa do pai: ele retorna ao lar como um homem diferente, de caráter transformado. Explore pontos de virada para promover transformações significativas na vida dos personagens e tocar os leitores. 

5. Explore o inesperado

Nas parábolas do Evangelho de Lucas, como “Os dois devedores” (Lucas 7:36-50), “O bom samaritano” (Lucas 10:25-37) e “O filho pródigo” (Lucas 15:11-32), vemos que Jesus explora o inesperado: um devedor que foi perdoado, um samaritano solidário e um filho ingrato que é bem recebido quando retorna. 

A história do bom samaritano, porém, é a que se destaca como um dos melhores exemplos de quebra de expectativa na Bíblia. Perceba que embora dois homens religiosos, seguidores da Torá (a lei judaica), tenham passado pelo ferido, é justamente um samaritano, alguém considerado “racialmente impuro” pelas pessoas que pertenciam ao grupo étnico judaico, que se compadece do assaltado. 

Além disso, após a passagem de duas figuras judaicas – sacerdote e levita –, o público esperava o aparecimento de um judeu leigo. Segundo estudiosos, era comum que essas três classes de pessoas que oficiavam no Templo em Jerusalém fizessem o trajeto descrito na parábola – descessem de Jerusalém para Jericó – relativamente durante o mesmo período. Consegue imaginar quão grande foi a surpresa dos ouvintes?

Onde aplicar o storytelling na comunicação da igreja

Agora que você já sabe o que é storytelling e entendeu como elementos presentes nas parábolas de Jesus podem te ajudar a criar histórias mais envolventes, chegou a hora de aplicar esse conhecimento na estratégia de comunicação da sua igreja. Para isso, não é preciso que o conteúdo seja a própria história; também é possível usar o storytelling em parte do conteúdo. A comunicação para igrejas pode aplicar esse recurso em uma série de situações, como: 

  • Sermões;
  • Testemunhos compartilhados em evangelismos;
  • Conteúdos publicados em redes sociais;
  • Comunicação de eventos (conferências, por exemplo);
  • Vídeos. 

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Este post foi escrito com base nas seguintes referências: